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Especial: Um ano sem Miguel Pereira

Há exatamente um ano, em 15 de maio de 2014, a Arquitetura brasileira perdia Miguel Alves Pereira, aos 82 anos de idade (clique aqui e veja matéria publicada na data). Na época, ele era conselheiro federal do CAU/BR por São Paulo.

Ao falecer, o arquiteto e urbanista tinha na cabeceira da cama o livro “Sobre a Brevidade da Vida”, de Sêneca. “É extremamente breve e agitada a vida dos que esquecem o passado, negligenciam o presente e receiam o futuro”, escreveu o filósofo romano.  Esse, definitivamente, não era o perfil do arquiteto.

Nascido em Alegrete (RS), não se esqueceu da postura firme de suas raízes gaúchas, mesmo após ter vivido e estudado em Berkeley, Houston e Londres, adquirindo um espírito refinado, a elegância no vestir, o conhecimento sobre vinhos e o gosto pelo jazz. Democrata, conciliador, tinha uma oratória apurada.

Teve um presente intenso. “Montei-me em uma prática profissional com as duas faces da moeda, na prancheta e no discurso da arquitetura”, escreveu ele no livro “Arquitetando a Esperança”, lançado em 2013, onde confessa seu entusiasmo pela política profissional.

Miguel Pereira foi presidente do IAB/RS, três vezes presidente nacional do IAB e vice-presidente da UIA. Foi professor da FAU-USP, da UnB e da UFRS. A convite dos estudantes, coordenou a comissão paritária que reinstalou o Instituto Central de Artes da UnB após o trauma da invasão do campus pelo regime militar e, por oito anos, dirigiu a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília. Projetou bibliotecas, uma refinaria e residências, seguindo uma linha modernista clássica em concreto armado.

Como conselheiro decano, Miguel Pereira discursa na primeira posse do CAU/BR, no dia 17 de novembro de 2011, em Brasília

Não receou o futuro. Foi, nas palavras de Haroldo Pinheiro, presidente do CAU/BR, “nosso timoneiro em tantas pelejas”. Teve um protagonismo marcante na luta pelo Conselho próprio da categoria, desde seu início, quando o IAB levou ao presidente JK a primeira proposta de criação do CAU. Saudou a promulgação da Lei 12.378/2010 como a “alforria” e a “maioridade” da profissão. “Até então, sempre fomos uma profissão minoritária, humilhada e ofendida”, disse.

Em 17 de novembro de 2011, na cerimônia de posse dos primeiros conselheiros federais, na Câmara dos Deputados, em discurso cativante ele declarou que “desde muito jovem, recém-terminado o curso de Arquitetura, eu entrei nessa luta e não consegui nunca mais sair. E que beleza que nós estamos vivendo aqui hoje um fato histórico.”

No dia seguinte, como o decano do grupo, presidiu a plenária extraordinária que aprovou o regimento geral provisório do CAU/BR e elegeu os dirigentes da gestão fundadora.

Sua obra e seu legado permanecem presentes nos escritos e depoimentos que deixou. Em entrevista ao CAU/SP, ele afirmou entender que hoje, “nessa segunda fase da história da Arquitetura brasileira como profissão, ela precisa aprender e se empenhar em ir onde o povo está. Para isso é preciso anular as desigualdades sociais se quisermos que a Arquitetura seja um direito de todos.”

Em vídeo gravado para o CAU/BR, em 2012, ao lembrar a jornada de 52 anos para a criação do Conselho, ele homenageou os colegas que  “acompanharam esse longo tempo, porque entre eles há muitos, dezenas que já não estão mais entre nós, que habitam a nossa memória e nos continuam inspirando à continuação e à preocupação com a construção, a concepção desse Conselho que os arquitetos brasileiros precisam e com ele tanto sonharam. Já foi uma utopia, hoje é uma realidade”.

“Somos hoje donos do nosso destino, e precisamos prestar atenção para o estado de ser, de existência, de concepção, de forma final ou quase-final, do CAU que nós queremos. Da mesma forma que as entidades nacionais, tendo vivido o impacto da criação do CAU/BR, saibam também se repensar e viver a grandiosidade dessa profissão poderosa que é a profissão da Arquitetura do Brasil de hoje.”

Fonte: CAU/BR

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