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Salvador debate a Nova Agenda Urbana em evento do CAU/BA

Para o atual presidente do CAU/BA, Guivaldo Baptista, a arquitetura de cada cidade é singular

Avenida Tancredo Neves e suas novas construções (Foto: Mila Hora)

A Organização das Nações Unidas (ONU) considera que 20 anos é um tempo razoável para a transformação de qualquer  cidade.  Mas nesse período, de acordo com o calendário eleitoral do Brasil,  cada município pode ter até cinco prefeitos diferentes. Como garantir então que o planejamento feito pelo primeiro seja concluído pelo último? 

“Os projetos têm que ser de Estado, não de governo, e, para isso, é preciso que a população  monitore o trabalho das autoridades”, sustenta o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU-PE), Roberto Montezuma, que vai estar em Salvador, no próximo dia 18, para proferir a palestra Rede Brasil Urbana: Nova Agenda Urbana, no Terminal Turístico Náutico da Bahia, no bairro do Comércio.

O evento é baseado na conferência Habitat III, realizada no ano passado em Quito, capital do Equador, 20 anos após a conferência em Istambul (Turquia) e 40 anos depois da primeira conferência, em Vancouver (Canadá).

A nova agenda urbana, proposta pela ONU, engloba 17 itens, que vão desde o desenvolvimento econômico com inclusão social até questões que são bem características de cidades de primeiro mundo, como a capacidade de absorver refugiados políticos. 

“Há 10 itens que são plenamente aplicáveis às cidades brasileiras”, afirma Montezuma, que defende o engajamento da sociedade na resolução dos problemas urbanos.  “ O engarrafamento no trânsito somos nós, a poluição somos nós”, declara. 

 O papel do arquiteto

Maior poeta da fria Alemanha, Johann Wolfgang Goethe declarou certa vez que a música é a arquitetura líquida e a arquitetura, música congelada. (A propósito, Tom Jobim e Chico Buarque largaram a faculdade de arquitetura para se dedicar à música).

E o papel dos arquitetos, urbanistas e engenheiros na construção da  Salvador das próximas décadas vai ser fundamental. Sobretudo no momento em que arquitetura da velha cidade colonial incorpora cada vez mais em seus novos prédios elementos típicos  de outros lugares.

O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Bahia (CAU-BA), Guivaldo Baptista, sublinha que se o reconhecimento da paisagem soteropolitana no Centro Antigo, na Barra, Rio Vermelho e Itapagipe,  as novas construções do circuito Av. Tancredo Neves e a Paralela poderiam estar em qualquer lugar do mundo. Essa universalidade, aliás, foi o mote da campanha do lançamento do Mundo Plaza. “Veneza é Veneza por suas características. Assim como o Rio, assim como Salvador”, assinala.

“Há consultas sobre projetos, mas um sinal de que não houve recuperação ainda é que a arrecadação do conselho caiu 30%”, afirma Guivaldo Baptista, do CAU-BA, que está deixando o cargo na semana que vem para assumir um posto no CAU-BR.

A escassez de projetos não é, porém, a única preocupação por parte do CAU-BA. Quando os projetos voltarem, que tipo de cidade vamos construir? 

A escolha do local de realização do evento do CAU-BA, aliás,  é política e aponta para a necessidade de revitalização da zona central da capital baiana. O arquiteto e urbanista defende a retomada da atividade empresarial no centro.   “Quando concentramos o comércio nos shoppings e prendemos as pessoas em condomínios, matamos o centro da cidade”, afirma Baptista.

O presidente do CAU também critica a opção que foi feita em Salvador pelo metrô de superfície, a grande obra de engenharia da história da cidade.  “Questiono se com todos os viadutos e passarelas que foram necessários não teria sido mais barato fazer, pelo menos na Linha 2, o metrô subterrâneo”, indaga o arquiteto.

Sobre o impacto das estações do metrô na paisagem de Salvador, Baptista afirma: “A arquitetura é um trabalho autoral. Não vou me ater à questão estética. Antes disso, existe a questão ética, que foi a escolha por um metrô de superfície”, pontua o arquiteto, que está se despedindo do CAU-BA no dia 15 de dezembro, quando se torna, em Brasília, integrante do Conselho Federal de Arquitetura. 

 

Fonte: Portal A Tarde

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