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O brasileiro Roberto Simon é o novo vice-presidente da UIA para as Américas

O arquiteto e urbanista brasileiro Roberto Simon é novo vice-presidente da União Internacional dos Arquitetos (UIA) para as Américas (Região 3). A eleição ocorreu nesse sábado (09/09) em Seul, na Coréia do Sul, durante o 26º Congresso Mundial de Arquitetos UIA.2017.SEOUL. Ele é o terceiro brasileiro a ocupar um cargo na direção executiva da entidade – os outros foram Jaime Lerner (presidente 2002/2005) e Miguel Pereira (vice-presidente das Américas entre 1999 e 2002). 

 

Simon, conselheiro representante do IAB,  teve apoio unânime dos candidatos ao Conselho da UIA para o continente americano, apresentando-se como candidato único. Ele substitui o costa-riquenho Carlos Alvarez.

 

Para presidente da entidade foi eleito o norte-americano Thomas Vonier, que obteve 63% dos votos. “O que é a UIA ?”, perguntou Vonier ao se apresentar aos pares. “A UIA somos todos nós”, completou. Ele substitui o malasiano Esa Mohamed. O romeno Serban Tiganas foi escolhido novo Secretário Geral. O espanhol Fabian LListerri foi reconduzido ao cargo de Tesoureiro.  As demais vice-Presidências ficaram com o suiço Lorenz Braker (Região 1),  o grego Nikos Fintikakis (Região 2),  o sul-coreano Jong Rhul Hahn (Região 4) e o queniano Mohamed Munyanya. 

 

 

Simon fala aos participantes da Assembléia Geral que o elegeu. Foto de Edinardo Lucas (FNA).

 

O arquiteto Roberto Simon, 61 anos de idade, carioca de nascimento, formou-se na Universidade Federal do Paraná e fez seu mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina, Estado que elegeu para desenvolver sua carreira profissional, onde mantem seu escritório de projetos desde 1982  e uma empresa incorporadora desde 2012. Em paralelo, teve intensa participação em atividades associativas da categoria. Ex-presidente do IAB/SC, conselheiro federal do CAU/BR na gestão fundadora, é o atual ouvidor-geral do Conselho. Participou mais de uma vez do Conselho da UIA e de várias comissões da entidade internacional de arquitetos.

 

Da direita para a esquerda, Roberto Simon, Anderso Fioretti Menezes e Sérgio Magalhães, com colegas estrangeiros

 

Para Roberto Simon, o novo desafio é cercado de alegria e de preocupação. Ele cita como desafio específico para o Brasil para os próximos anos a realização do 27º Congresso Mundial de Arquitetura UIA.2020.RIO,  de cuja  comissão organizadora faz parte. Em termos mundiais, ele aponta como prioridade a luta pela redução da emissão de gases de efeitos estufa, em especial das construções, em alinhamento com o pensamento do novo presidente da UIA que, em suas declarações ainda como candidato ao cargo, foi firme ao afirmar ser favorável ao Acordo de Paris, em oposição clara às ideias do governo Trump.

 

O arquiteto brasileiro disse que irá trabalhar também para ampliar a participação na UIA das entidades associativas da categorias nas Américas. Em seu discurso de posse (ver íntegra abaixo), ele disse que “gostaria também de conectar e fortalecer os programas de intercâmbio profissional com o nosso enorme continente e, se possível, outras regiões junto com nossos colegas da Europa, África, Europa Oriental e Ásia. Programas relacionados com esta quarta revolução industrial, essa “Nova Economia” que mudará a maneira de pensar o mundo em que vivemos”. 

 

“Agora estamos no alcance de uma “Nova Era” – O mundo das cidades conectadas, ao mesmo tempo em que nos desafia a habitação da humanidade, a necessidade de criarmos novos empregos e melhorar a qualidade do ambiente urbano. Resiliência, e sustentabilidade estão se tornando mais e mais os principais critérios para a profissão do arquiteto”.

 

Roberto Simon em encontro com arquitetos da Dinamarca antes de Copenhagem ser eleita, com apoio dos brasileiros, sede do 28º Congresso Mundial de Arquitetos,  em 2023

 

“A união é o paradigma dos novos tempos. Esse tem sido meu lema durante os quase 20 anos que venho trabalhando pela organização da profissão dentro e fora do país. Nessa tarefa, sempre fui bem ladeado pelos companheiros dessa já longa jornada. Um aprendizado que veio de muitos, como Miguel Pereira, Carlos Fayet, Fabio Penteado (falecidos), assim como Haroldo Pinheiro, Gilson Paranhos, Jaime Lerner, Gilberto Belleza, Antônio Carlos Campelo Costa, Anderson Fioreti, Silvia Lenzi, João Edmundo Bohn, e mais recentemente Sérgio Magalhães. Dentre outros amigos e conselheiros durante todos esses anos”, afirmou Simon ao CAU/BR.

 

Sobre Miguel Pereira, falecido em abril de 2014, Roberto Simon declarou em cerimônia em homenagem realizada a um dos maiores incentivadores da criação do CAU/BR que bastou conhece-lo, quando exercia a Presidência do IAB/SC, e “daquele momento para frente, ganhei um professor, consultor e, definitivamente, um mestre”.

 

“Não houve assunto relevante para a organização da profissão que não tenhamos trocado ideias a respeito, por e-mail, telefone, papel ou pessoalmente. Arquiteto e político sábio, da velha guarda, estrategista como poucos, era, na imensa maioria das vezes, vitorioso. Até depois de sua partida logrou êxito em seu último projeto, a luta pelo Congresso Mundial da UIA no Brasil, conquistada no Congresso de Durban”. 

 

Roberto Simon com participantes do UIA.2017.SEOUL, entre eles o ex-presidente Esa Mohamed

 

DISCURSO DE POSSE: Eis a íntegra do pronunciamento feito por Roberto Simon à Assembleia Internacional de Seul:

 
“Em primeiro lugar, em nome da nossa delegação, gostaria de felicitar a UIA e a KIA pela realização bem-sucedida do 26 Congresso Mundial da UIA em Seul.
 
Ainda é necessário estender a nossa gratidão aos países membros, provenientes de cinco regiões por suas inestimáveis contribuições para o avanço da prática profissional, educação e promoção de inovações e tecnologia de ponta na construção do nosso mundo urbano.
 
É impossível não falar um pouco sobre o Brasil que irá sediar o novo congresso e poderá ser a conexão entre muitos países nesse período de tempo. É uma das maiores economias emergentes do mundo (8ª maior para ser mais precisa) O Rio de Janeiro e São Paulo estão entre as maiores áreas metropolitanas do mundo, apresentam construção intensa de novas infraestruturas, estruturas residenciais e corporativas, como bem como cultural e tecnológico. Temos uma população diversificada, rica e pobre, culturas múltiplas e pessoas de diferentes origens.
 
Na nossa Região III, temos ligações tradicionais aos nossos países vizinhos e suas associações arquitetônicas. Nós propomos uma estratégia para expandir a participação da UIA, trazendo incluindo países, como Chile, Argentina, Equador, Paraguai, Uruguai, Colômbia e muitos outros países agora longe da UIA.
 
Gostaria também de conectar e fortalecer os programas de intercâmbio profissional com o nosso enorme continente chamado América e, se possível, outras regiões junto com nossos colegas da Europa, África, Europa Oriental e Ásia. Programas relacionados com esta quarta revolução industrial, essa “Nova Economia” que mudará a maneira de pensar o mundo em que vivemos.
 
Agora estamos no alcance de uma “Nova Era” – O mundo das cidades conectadas, ao mesmo tempo em que nos desafia a habitação da humanidade, a necessidade de criarmos novos empregos e melhorar a qualidade do ambiente urbano. Resiliência, e sustentabilidade estão se tornando mais e mais os principais critérios para a profissão do arquiteto.
 
Bem-vindo à 4ª Revolução Industrial.
 
O software irá encerrar a atividade industrial demais tradicional nos próximos 5-10 anos.
 
O UBER é apenas uma ferramenta de software, eles não possuem carros e agora são a maior empresa de táxi do mundo. A Airbnb é agora a maior empresa hoteleira do mundo, embora não possua propriedades.
 
Oportunidades de negócios: se você pensa em um nicho e deseja entrar, pergunte-se: “no futuro, será que teremos isso?” Se a resposta for sim, pense rápido como você pode fazer isso acontecer mais cedo? Se não funcionar com o seu telefone, ESQUEÇA a ideia. E qualquer ideia projetada para o sucesso no século XX está condenada ao fracasso no século XXI. 
 
Eu poderia ainda falar sobre o IBM Watson ou sobre o Google SIA, onde os computadores se tornam exponencialmente melhores, atingimos a Inteligência Artificial, Automóveis Autônomos, e sem duvida nenhuma o setor imobiliário será completamente diferente de como o conhecemos hoje, porque mais e mais pessoas vão querer ser e não ter.
 
Posso dar-lhes muitos exemplos, mas o que é importante agora é que precisamos mudar nossos métodos de fazer a “Moda Antiga”, precisamos caminhar para a conexão total da profissão.
 
O Congresso Rio 2020 UIA “TODOS OS MUNDOS, UM SÓ MUNDO, ARQUITETURA 21” é o tema que escolhemos “como vocês sabem”, pode, e na minha opinião deve ser, um protótipo para todas as possíveis reflexões relacionadas com o futuro. Sobre a organização do congresso UIA Rio 2020, posso lhes assegurar, está indo muito bem.
 
Vamos em frente América! Go Rio UIA 2020
 
Vejo vocês todos lá! Muito obrigado!!”

 

Roberto Simon com membros da delegação brasileira, entre eles Jeferson Salazar, Nadia Somekh, Cícero Alvarez, Sérgio Magalhães e Gilson Paranhos

 

REPERCUSSÕES – Para Cícero Alvarez, presidente da FNA, a eleição de Roberto Simon “nos enche de orgulho e de esperança de uma atuação ainda mais forte do Brasil junto à UIA. Também será importante para a organização do Congresso de 2020 no Rio e para uma atuação sincronizada das entidades nacionais dos arquitetos e urbanistas”. Cícero Alvarez ocupa atualmente a coordenação-geral do CEAU (Colegiado das Entidades dos Arquitetos e Urbanistas do CAU/BR). 

 

Nadia Somekh, que foi suplente de Roberto Simon no Conselho da UIA, afirma que sua eleição será muito importante para a Região 3 e para o Brasil por dar condições a ele de implementar sua proposta de trabalho dentro da organização contemplando incorporação tecnológica, transparência e participação, “elementos essenciais para a concretização do nosso Congresso Mundial de 2020”. 

 

Para Jerônimo de Moraes, presidente do CAU/RJ, “a indicação unânime do arquiteto Roberto Simon ao cargo de vice-presidente da UIA para as Américas demonstra o fortalecimento da presença brasileira na entidade.  Arquiteto experiente, foi conselheiro da UIA e participou de várias comissões da entidade internacional de arquitetos. Não tenho dúvidas de que o colega vai contribuir muito à UIA e será fundamental na organização do 27º Congresso Mundial de Arquitetos (UIA2020RIO)”. 

 

Para Gilberto Beleza, presidente do CAU/SP, “a eleição do colega Roberto Simon coroa a importante atuação dele junto à UIA, na defesa da profissão, além do reconhecimento do papel do IAB e do Brasil no quadro da arquitetura mundial”.

 

A UIA é a maior entidade de arquitetura do mundo. Atualmente, reúne as seções internacionais e as federações de arquitetos de 138 países, dos cinco continentes, representando cerca de 1.500.000 profissionais. É ainda órgão consultivo da UNESCO para assuntos relativos ao habitat e à qualidade do espaço construído.

Fonte: CAU/BR

 

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